O governador Rui Costa (PT) afirmou que a Bahia poderá assistir nas próximas semanas “cenas dramáticas” em razão do iminente colapso no sistema de saúde. Para o governador, trata-se apenas de uma “questão de tempo”, a julgar que o país atravessa agora o pior momento da pandemia de Covid-19, com um balanço de quase 260 mil vidas perdidas e sucessivos recordes de mortes diárias. O estado, por sua vez, soma 112 óbitos provocados pela doença e registra 694.783 casos confirmados. Em todo o território baiano, os leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) atingiram 85% de ocupação.
“Infelizmente, eu acho que essas cenas nós vamos presenciar em vários lugares no Brasil. Eu diria que hoje a situação está para eclodir, para explodir. Em vários estados as UPAs [Unidades de Pronto Atendimento] estão lotadas, estão com gente já no corredor. Os hospitais não têm vagas. Então é a antessala da recusa do paciente na porta. Você começa a botar pra dentro, já não tem mais os ambientes normais pra acolher as pessoas, que são as salas específicas, como nas UPAs”, declarou o governador na noite desta quarta-feira (3), em entrevista ao programa Ponto a Ponto, da BandNews TV.
“Nós estamos a um passo disso, vários estados brasileiros. É questão de tempo, de semanas. O efeito é cascata e vai alcançar todos os estados. A situação vai se espalhando. É difícil não presenciar essas cenas dramáticas. Exceto se a gente conseguisse vacinar em uma semanas, 15 dias, um grupo substantivo de idosos, que são as pessoas que, ao fim e ao cabo, vão parar nas UTIs.”, acrescentou o governador.
O Brasil enfrenta atualmente uma fase crítica da crise sanitária. Na quarta-feira (3), o país registrou oficialmente 1.910 mortes por Covid-19 em 24 horas, a pior marca desde o início da pandemia.
“Bolsonaro é o grande aliado do vírus”
Na entrevista, Rui Costa afirmou que o Brasil só chegou ao quadro atual porque o coronavírus tem no presidente Jair Bolsonaro (sem partido) o seu “grande aliado”. Na avaliação do governador, além de minimizar o risco do vírus — ao qual já se referiu como “uma gripezinha” —, o chefe do Executivo nacional atuou para agravar a situação.
“Nós teríamos poupado muito mais vidas. Não foi só falta de coordenação. Eu diria que nós tivemos as autoridades federais, o presidente da República, como o grande aliado do vírus. O vírus tem um grande aliado no Brasil, que é o presidente da República. Isso não é retórica, basta olhar os fatos”, criticou.
Segundo o governador, Bolsonaro não só atacou o uso de máscaras, promoveu aglomerações como também atrasou deliberadamente a aprovação do uso de vacinas.
“O Brasil não precisaria estar passando por esse colapso nesse momento. Se era inevitável a contaminação do ano passado, esse repique, essa nova onda, era absolutamente previsível e era dispensável. Bastava [o Brasil] ter aceitado as negociações e, como os outros países fizeram, antecipar a vacinação assim que as vacinas começaram a ser feitas no mundo”, disse.
“Nós estamos em março e engatinhando com o percentual de vacinação”, reiterou o governador.
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